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O ministro do Empreendedorismo e Tecnologia da Informação da Estônia, Andres Sutt, propôs a criação de regras semelhantes às da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) para gastos com cibersegurança dos setores público e privado para fechar a lacuna de investimento existentes hoje no bloco de países que compõem a aliança militar para enfrentar as ameaças cibernéticas.

Embora haja uma série de iniciativas nesse sentido na União Europeia — como a Lei de Segurança Cibernética ou a diretiva NIS2 —, Sutt enfatizou, durante a Cúpula Digital de Tallinn, capital da Estônia, nesta terça-feira, 7, que essas medidas não terão um efeito tangível a menos que o investimento seja aumentado consideravelmente.

“Nosso objetivo não deve ser menos do que chegar a um acordo sobre uma estrutura global de cibersegurança, assim como a OTAN tem a meta de aplicar 2% do PIB de cada país que compõe a aliança militar em defesa, temos que ter uma meta, metodologia e referência comparáveis ​​para a cibersegurança”, disse ele à Euractiv, rede de mídia independente pan-europeia especializada em assuntos da União Europeia.

Sutt enfatizou que a cibersegurança é subfinanciada e precisa ser colocada no topo da lista de prioridades para que a digitalização dos setores público e privado seja bem-sucedida. Para conseguir isso, ele propõe estabelecer uma metodologia unificada e acordada internacionalmente sobre “como medir o nível de investimento em segurança cibernética ou preparação cibernética”.

Além disso, ele sugere definir uma meta tangível para o nível de investimentos em segurança cibernética para o setor público e privado. A implementação dessas medidas, segundo Sutt, seria crucial para aumentar a confiança das pessoas no mundo digital e tornar a Europa adequada para o mundo digital.

A proposta do ministro estoniano tem por base o aumento dos ataques cibernéticos registrado durante a pandemia de covid-19 em razão da expansão da digitalização das empresas europeias e do trabalho remoto. Segundo a Agência da União Europeia para Cibersegurança (Enisa), os ataques de phishing aumentaram 667% nos primeiros meses da pandemia na região.

A proposta foi recebida pelos ministros presentes na Cúpula Digital de Tallinn com certo ceticismo. Embora tenha reconhecido que “o dinheiro é realmente importante”, o ministro de Estado irlandês Ossiam Smyth enfatizou que aumentar o investimento por si só não será suficiente para enfrentar os desafios da segurança cibernética de maneira adequada. Em vez disso, ele defendeu a importância de cortar o suprimento de dinheiro aos criminosos.

Observação semelhante foi feita pela ministra austríaca da Digitalização e Assuntos Econômicos, Margarete Schramböck. “Se você for à darknet, verá como é fácil comprar ataques cibernéticos como um serviço”, disse ela, acrescentando que esse é um dos problemas cruciais que precisam ser resolvidos.

A ministra afirmou que regras de despesas ao estilo da OTAN são uma “ideia a considerar”, mas enfatizou que “gastar dinheiro apenas por gastar não é a chave [para o problema]”. “Os investimentos em segurança cibernética devem ser simplificados e direcionados ao compartilhamento das melhores práticas e à rápida troca de informações”, acrescentou.

O secretário de Estado do Reino Unido para o Digital, Oliver Dowden, acolheu a ideia e afirmou que isso poderia “fazer a diferença, especialmente no que diz respeito aos gastos do governo”.

Sutt respondeu que estava “muito feliz que a proposta já tenha provocado um debate. Vamos manter a bola rolando e ver até onde podemos chegar”.A Estônia, que é um dos países mais digitalizados do mundo, fez da segurança cibernética uma de suas principais prioridades nos últimos anos. O país báltico, que atualmente ocupa o terceiro lugar no Índice Global de Segurança Cibernética, iniciou o primeiro debate de alto nível sobre segurança cibernética no Conselho de Segurança das Nações Unidas em junho.

Marcelo Barros
Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente sou o editor-chefe do Defesa em Foco, revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança. Em parceria com o guerreiro cibernético Richard Guedes, administramos o portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética, com parceria estratégica com o Instituto CTEM+ (www.ctemmais.org). Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).