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Falei semana passada sobre os ataques que tem aterrorizado boa parte da população brasileira, tentando ser técnico e lúdico ao mesmo tempo. Prometi a mim mesmo que não ia mais tocar nesse assunto, mas como a situação parece ter entrado em modo paranoia Brasil afora, acho que talvez possa contribuir um pouco mais com o assunto.

Busquei aqui no poderoso motor de buscas do Google várias definições sobre Lobos e seus costumes. Uma delas, de forma bem resumida, diz o seguinte: Os lobos são animais carnívoros, por isso, preferem habitar locais onde a caça seja possibilitada. Eles estão no topo da cadeia alimentar dentro dos ecossistemas que fazem parte.

É isso. Os lobos que hoje aterrorizam locais públicos brasileiros, em especial escolas e creches habitam locais onde a caça é possibilitada. Disse aqui em alguns artigos: o custo do reparo é muito mais alto que o custo da prevenção. Mas nesse caso em específico, o custo do reparo pode nem ser possível, já que uma vida tirada não tem volta. Então vamos focar na prevenção?

Como sou militar, desde cedo aprendi que a hierarquia e a disciplina mantem a ordem e bom funcionamento da Instituição. Funciona assim: o mais antigo determina, o mais moderno obedece. Pode não gostar, pode pensar internamente as piores coisas de seu superior. Mas ele obedece, porque é assim que a hierarquia funciona. O superior é soberano e boçal, e esse é o termo mesmo. Manda quem pode, obedece quem tem juízo. E isso precisa ser assim na relação com crianças e adolescentes quando o tema é VIDA DIGITAL. Aquilo que os pais pagam para os filhos, mas não fazem a menor ideia de como eles fazem uso. Vamos a prática.

Seu filho tem 15 anos. Tem um quarto, e dentro desse quarto tem um notebook, um smartphone e um PlayStation. Tudo conectado ao mundo externo pela internet. E isso ele já tinha desde que tinha 10 anos. Ou menos. E aquilo foi ficando legal, porque seu filho não saía do quarto; não “incomodava”; não ficava toda hora questionando algo. Dá-se um mundo novo a ele e tudo está resolvido. Meu filho é um rapaz educado, sabe se portar. Mas aí é que está o problema: ao fazer isso, as pessoas estão terceirizando o ensino, a criação e eventuais cooptações por pessoas e grupos desconhecidos. Mas tudo isso você deve ter lido por aí. O objetivo do texto agora é outro: como saber o que ele está fazendo.

Pois bem: cinco minutos do seu tempo, precioso tempo tirado do Netflix ou das suas stalkeadas no ex ali no Instagram, pode salvar várias vidas. Inclusive a do seu próprio filho. Pois então… levando em conta que mais de 80% dos celulares e tablets no Brasil são do SO Android, vamos por aí: quem tem um desses, tem uma conta Google, invariavelmente. É simples: desbloqueie o telefone, role o dedo de cima para baixo e clique no ícone da engrenagem. Procure um ítem chamado Google. Clique nele e após, Gerenciar sua Conta do Google. Vá em Dados e Privacidade, clique em Atividade na Web e Apps e… a mágica acontece. O que ele pesquisa, as buscas, as atividades dentro dos aplicativos. Tudo fica armazenado ali. Sente, pra não cair, e veja tudo que seu filho faz com a tela mágica. Quer saber mais: vá em Google Fotos. O que ele tira, mas deleta da galeria para que você não saiba, fica lá. Os prints de tela. Dependendo da configuração, inclusive as fotos recebidas no WhatsApp. Veja, reveja, analise. Você vai descobrir coisas surpreendentes, e a principal dela, é que você um pai/mãe absolutamente omisso e que precisa se reconectar com ele. Faça o mesmo com os demais dispositivos. Entre, olhe, analise. Em notebooks, se ele tiver um navegador chamado Tor, cujo ícone é uma cebola, isso mostra que ele pode estar entrando na Deep e Dark Web.

Aos que vão questionar: e a privacidade dos meu filho? Se as empresas públicas e privadas têm o direito de ver o que seus funcionários fazem nas suas redes, você vai querer dizer que não pode? Menos. Lembram do começo do artigo? Então. Manda quem pode, obedece quem tem juízo. O Lobo vai atrás quando sente cheiro de carne. Fica espreitando a sua presa. O seu filho poder ser uma presa, mas também pode ser um Lobo. Das duas formas, o final é trágico. Deixa o Netflix de lado um pouquinho, para de cuidar o que o ex está fazendo da vida e vai ali salvar a vida do seu filho. A sociedade agradece.


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