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A guerra na Ucrânia completou um ano. Um levantamento feito pela Apura, empresa brasileira de cibersegurança, mostra que, além dos bombardeios em cidades, portos, estradas e outros pontos do território, ataques cibernéticos são a marca nesses 14 meses. Os dados e informações consolidados reafirmam o caráter de ciberguerra do atual embate, assinala o fundador e CEO da Apura, Sandro Süffert, que atua há mais de 25 anos com segurança na internet.

Em recente boletim, denominado “Balanço de um ano de guerra cibernética na Ucrânia”, a Apura constata, a partir de dados da Mandiant (subsidiária da Google), os ataques cibernéticos promovidos pela Rússia contra a Ucrânia cresceram 250% no último ano, em relação ao período anterior ao conflito.

“Os ataques se concentraram em alvos do governo ucraniano e entidades militares, juntamente com infraestrutura crítica, serviços públicos e setores de mídia”, afirma o boletim da Apura. O texto acrescenta: “A Mandiant observou a ocorrência de ‘mais ataques cibernéticos destrutivos na Ucrânia durante os primeiros quatro meses de 2022 do que nos oito anos anteriores, com picos de ataques no início da invasão’.”

NÚMEROS

O levantamento da Apura inclui também dados estatísticos, que impressionam. A partir de informações do Serviço Estatal de Comunicação Especial e Proteção da Informação da Ucrânia, SSSCIP na sigla em inglês (State Service of Special Communication and Information Protection), o boletim indica que, até dezembro de 2022, “mais de 2,1 mil incidentes foram tratados [pelo governo ucraniano], com ataques propriamente contra a infraestrutura civil, em vez de militar”.

Além disso, só em dezembro último foram bloqueados quase 400 ataques do tipo DDoS (que atacam sites e servidores para interromper serviços em rede) de “alto nível”, chegando a 40 por dia. Ainda, foram identificadas e bloqueadas 170 mil tentativas de exploração de vulnerabilidades. O SSSCIP também identificou, em 2022, sete novos tipos de malwares (softwares maliciosos) e vírus, conforme destaca o levantamento da Apura.

Os dados levam Sandro Süffert a descrever características da guerra cibernética entre Rússia e Ucrânia. Inicialmente, o fato de ser a primeira guerra cibernética em grande escala. “Não é o primeiro conflito cibernético da história, mas, nessas dimensões, é algo sim inédito”, reitera o especialista. Outra marca é a importância de uma preparação e resiliência antiataques cibernéticos terem sido construídas.

“O próprio governo da Ucrânia reconhece que, por ter sofrido ciberataques sofisticados no passado, foi possível construir uma estratégia de defesa que, em tempos de guerra, se mostrou relevante para minimizar os impactos dos ciberataques desde os primeiros dias do conflito”, pontua o boletim da Apura, que acrescenta, citando avaliação divulgada pelas autoridades ucranianas: “Todos os ataques são realizados usando técnicas previamente conhecidas. Os ataques usados pela Rússia há muito são categorizados e têm soluções diretas para contra-ataque”.


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Marcelo Barros
Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente sou o editor-chefe do Defesa em Foco, revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança. Em parceria com o guerreiro cibernético Richard Guedes, administramos o portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética, com parceria estratégica com o Instituto CTEM+ (www.ctemmais.org). Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).