blank

blank

O Facebook

Um experimento de jovens estudantes de Harvard no início dos anos 2000 mudou a vida de todos nós, direta e indiretamente. Mark Zuckerberg, então estudante de computação em Harvard, criou um site chamado “Facemash”. O site nasceu quase como um Tinder: postavam-se fotos dos estudantes e havia a opção dos usuários darem notas e dizer quem era mais sexy. Basicamente, é técnica chamada de Hot or Not, usada pelos sites de relacionamentos de hoje.

Passados quase 20 anos, o Facemash virou Facebook. A pequena rede interna virou uma Big Tech, e embora tenha deixado de ser a maior das redes (ocupa o 4° lugar no Brasil, com 109 milhões de usuários), ainda é o maior dos laboratórios para as demais, mais jovens e atuais. Mas então, vem a pergunta: o que o Facebook faz para prender nossa atenção? A receita é simples e dos tempos da pedra: dopamina. O neurotransmissor do prazer. E tudo que nos da prazer, nos faz voltar, certo? É isso. A grande sacada das redes sociais é o prazer que sentimos, a aprovação social, os likes, os comentários. Uma pesquisa realizada pela Universidade do Estado da Califórnia mostrou que o mesmo sistema acionado pela cocaína é observado em usuários dependentes do Facebook. E como eu já disse outras vezes: somente chamam de usuários seus clientes a indústria do tráfico e da tecnologia. A lógica é a mesma e o Facebook explorou isso como ninguém por anos.

Então, qual é o grande objetivo do Facebook hoje? Além do engajamento, que gera audiência (e dividendos), a rede se transformou num grande marketplace cuja missão primordial é convencer você a comprar algo que você ainda não sabe que quer ou está indeciso. O algoritmo te direciona para coisas, que com o cruzamento dos seus dados, sua navegação em outras redes da Meta (Instagram e WhatsApp) te convencem a comprar o que você nesse momento você ainda não sabe. E esse trabalho é muito, muito caro. E sim, você pode estar pensando: o Facebook é gratuito. Não. Nada na internet é de graça. Você está pagando com os seus dados e sendo manipulado por algoritmos. Hoje, redes como a Meta tem na sua mão muito mais influência do que percebemos ao abrir um simples aplicativo. Eles têm o poder de decidir eleições, bastando para isso direcionar conteúdos aos seus usuários.

Então o Facebook é ruim? Não, não é. Ele pode nos aproximar uns dos outros, pode nos mostrar a rotina de amigos e familiares distantes, pode nos ofertar assuntos interessantes. Mas o grande problema é o fator humano. Não sabemos lidar com emoções e boom do Facebook em 2009 levou a uma explosão de casos de suicídio entre meninas de 10 a 17 anos, cuja desaprovação social e depressão foram causados muitas vezes por comentários de pessoas que até desconhecem essas crianças e adolescentes. Mas não se deve matar o mensageiro pela mensagem. A culpa está em quem escreve.


Descubra mais sobre DCiber

Assine para receber os posts mais recentes por e-mail.