Essa semana que passou estive em Curitiba. Fui a trabalho, para ministrar a cadeira de Deep e Dark web no Curso de Inteligência Cibernética do Ministério da Justiça, que nessa edição foi sediado lá. E como costumo dizer, fui pra lecionar e acabei apreendendo muito mais do que ensinei.
Não vou citar nomes aqui, até porque acho que eu não teria autorização pra isso de forma a não pessoalizar. Mas me impressiona o fato de termos muitos profissionais realmente dispostos a fazer, dispostos a aprender a combater o crime cibernético, mas damos tão poucas oportunidades para eles. Fico pensando nos pais das crianças que morreram em ataques a escolas, nos sobreviventes que restarão traumatizados pelo resto de suas vidas. O quanto essas pessoas ficariam gratas a nós, policiais, se tivéssemos ferramentas e cultura para combater e antever esse tipo de incidente.
É claro: a sociedade está doente e viciada nos meios digitais. O brasileiro, que passa em média 16 horas acordado por dia, cede 9 dessas horas em telas de todos os tipos. É a escravização disfarçada de facilidade. Humanamente impossível controlar, vigiar e antever todos os problemas. Mas eles vão desde um absurdo aumento de 200% no índice de suicídios entre meninas de 10 a 14 anos de 2009 pra cá até os atentados em ambientes coletivos, inaugurados com Columbine. Sempre algo escapará aos olhos das autoridades, até mesmo em países que valorizam seus operadores da segurança, como os Estados Unidos fazem.
Curitiba me mostrou o que eu já imaginava: temos bons profissionais sedentos por mais conhecimento de cibersegurança. Mas é uma matéria complexa e que exige sempre uma atualização diária. Um dia, o Discord é o assunto. No outro, os chats da darkweb. No terceiro, o Twitter e seus fakes. O resultado todos sabemos: completa insegurança de toda a sociedade. Precisamos valorizar, treinar e trazer para dentro do serviço público os bons profissionais que vão disseminar conhecimento útil. Ainda, pude conhecer o NUCIBER, o Núcleo de Combate aos Cibercrimes da Polícia Civil do Paraná. Extremamente organizados e que deveriam servir de exemplo aos demais órgãos irmãos em outros estados.
Parabéns aos profissionais envolvidos em todas as ações que eu citei nesta semana. Parabéns Curitiba. Que seja exemplo para o resto do Brasil.
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